
Corpo Edificado - Memórias através do barro
O começo da vida, ainda no berço uterino da mãe, é uma explosão de células, hormônios e a sincronia dos batimentos cardíacos. Uma complexa e altamente eficiente coreografia biológica essencial para formação desse corpo. Um corpo que sente e, sem demora, também escutará. A familiaridade dos rituais e dos movimentos projetam os elos que serão costurados ao longo de sua história.
Do lado de fora da barriga da mãe, existe um mundo cheio de símbolos, alguns familiares, outros nem tanto. A integração dos elementos é digerida aos poucos e os pais são a principal ponte de reconhecimento desses fragmentos colecionados ao longo da vida. Os pais, igualmente filhos de alguém e que um dia também partilharam o corpo de suas mães, agora edificam seus filhos com um vasto repertório de itens.
A obra “Corpo Edificado” é um resultado material e simbólico dessa costura de histórias entre pais e filhos, em que o olhar do outro e a forma como ele molda aquele corpo é irrefutavelmente relacionada com seu panorama pessoal.
Não são construídas pessoas como são levantadas casas nas cidades, cheias de cálculos e medidas e sim, com as próprias mãos e medidas incertas. O filósofo Jean-Jacques Rousseau, em seu livro Emílio, ou Da Educação (1762), diz: “A educação deve respeitar a natureza e o tempo próprio da criança, pois o que ela recebe do adulto molda seu ser.” Ou seja, a forma como os tutores são e estão com eles é baseada em suas experiências e isso impacta o olhar e o sentir de seus filhos. Não há como ser um indivíduo e ignorar tudo que foi edificado por seus pais, mas, quem sabe, há como se apropriar desses moldes e formular novos futuros formatos.
2025
Corpo Edificado, - Memórias através do barro
Instituto Ivoti, RS - Brasil
Produção: Aline Romero
Performance: Aline Romero e Lindomar da Silva Romero
Fotografia: Aline do Espírito Santo e Edinara Patzlaff
Vídeo e áudio: Myccael Rocha
Um projeto realizado com recursos do Ministério de Cultura, através do edital PNAB- cultura, RS.










